domingo, 25 de julho de 2010

A top que emprestava o corpo para moldes de Coco Chanel


A voz é firme. Aos 73 anos, Vera Valdez esbanja uma energia de fazer inveja a muitas mocinhas. Pratica pilates para ficar com o corpo em forma para o teatro, e vez por outra está no cinema ou na TV. Em 2009, protagonizou uma exposição que rememorou uma outra fase de sua vida: o período em que foi uma das modelos mais badaladas do mundo. Para se ter ideia de sua importância basta dizer que ela era uma espécie de Gisele Bündchen nas décadas de 50 e 60, com um quê de vanguardismo: de ter sido a primeira top model brasileira a fazer sucesso no Exterior. Batizada Vera Barreto Leite, ela adotou o Valdez quando trabalhava para grandes estilistas europeus. Estrelou editoriais das maiores revistas de moda da Europa, como Vogue, Elle, Paris Match e WWD. Desfilou para Elsa Schiaparelli, Christian Dior, na época em que Yves Saint Laurent era um jovem assistente da maison. Foi a queridinha de Gabrielle Chanel, de quem se tornou amiga e confidente.
Histórias daquele tempo é o que não faltam. Algumas até entraram para a história do mundo fashion e se tornaram uma espécie de lenda no meio, como a influência da brasileira na adoção do vermelho - cor abominada por Chanel - nas últimas coleções da estilista. Outras mostram o nível de intimidade que essas duas mulheres desenvolveram.
– Um dia, ela chegou a me colocar de castigo, de joelhos, como se fosse uma mãe repreendendo a filha – recorda-se Vera. – Eu era muito moleca.
Se elas se tornaram amigas?
– Era a amizade entre uma mulher mais velha e uma menina – define.
Como manda uma relação desse tipo, não faltavam conselhos da mulher vivida – Chanel tinha em torno de 50 anos – para a jovem recém-saída da adolescência.
– Naquela época, não era comum meninas tão novas serem modelo. Além disso, era uma profissão, assim como a de atriz, muito mal vista.
Vera se mudou para a França ainda criança, quando a mãe foi trabalhar na Embaixada do Brasil. E por muito tempo permaneceu na Europa, onde frequentava as festas da alta sociedade. Namorou milionários, políticos, gente importante, também intelectuais e boêmios.
– Eu era muito boêmia – conta. – A Chanel vivia brigando comigo, dizendo que eu deveria encontrar um homem rico, influente, que a vida de manequim era passageira. E o engraçado é que ela era uma trabalhadora.
Ela lembra que ao ver suas fotos ou notinhas nos jornais e revistas da época, Gabrielle a repreendia:
– Saindo com aquele jornalistazinho? - diverte-se. – Mas ela também era da pá virada.
A importância de Vera Valdez para a história da Maison Chanel é tanta que, no ano passado, ela foi convidada pela grife a ir a Paris gravar um depoimento contando esses e outros tantos casos sobre a estilista. Quando voltou do autoexílio na Suíça para reabrir sua maison em Paris, em 1954, Chanel modelava as suas criações no corpo de Vera.
– Só depois ela fazia as roupas para as outras.
Mãe de Paula, da relação com o ator Luiz Linhares, e de Mariana, filha de Pedro Moraes e neta de Vinícius de Moraes, Vera tem duas netas e quatro bisnetos. Não esconde a idade, se diz desprovida de vaidade e só fez plástica para tirar a "papada".
Fonte: DONNA ZH

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