quarta-feira, 21 de julho de 2010

CAMISA BRANCA


A brasileira Anne Fontaine construiu um império de moda que tem 70 lojas em dez países. Dos estilistas brasileiros que fazem sucesso no Exterior, a carioca Anne Fontaine, 36 anos, foge à regra. Ela não ganhou fama por desfilar nas semanas de moda de Paris e Nova York, a exemplo de Alexandre Herchcovitch e Carlos Miele, nem foi contratada por uma grife já consolidada, como a Calvin Klein fez com Francisco Costa. Pouco conhecida de seus conterrâneos, Anne construiu um império no exigente mercado de moda parisiense com uma idéia simples: confeccionar camisas brancas.
Em 13 anos, ela contabiliza 70 lojas próprias espalhadas em dez países e tem faturamento anual estimado em 70 milhões de euros. A bem-sucedida trajetória começou por causa de uma paixão. Depois de deixar o Rio de Janeiro aos 18 anos para morar numa tribo indígena na Amazônia, ela decidiu estudar biologia marinha na França, quando passava seis meses por ano em alto-mar. Em uma das temporadas em terra firme, em 1993, apaixonou-se pelo francês Ari Zlotkin, que a pediu em casamento com dois meses de namoro. “Aceitei e larguei os estudos.
Mas não gosto de ficar parada”, conta ela, que ajudou o marido a reerguer a decadente fábrica de camisa herdada da família. “Descobri que a minha sogra guardava no sótão camisas brancas vintage e contei a ele sobre a tradição no Brasil de usar essa cor no réveillon e no candomblé.”
O marido gostou da idéia de apostar no branco e pediu que ela desenhasse novos modelos. “Gostava de criar roupas para mim, mas não profissionalmente”.  Anne abriu uma loja conceito em Paris.
A primeira coleção, com 30 modelos assinados por ela e vendidos por representantes, foi um sucesso. Mas os tempos ainda eram de vacas magras. “Contávamos dinheiro para o metrô”, lembra. O casal cansou de bater em porta de bancos até conseguir um empréstimo para abrir a primeira loja. Em 1994, inauguraram um espaço de 25 metros quadrados em Paris. No ano seguinte, começaram a exportar e surgiram franquias no Japão. O contrato de dez anos com os japoneses expirou e o casal decidiu ter apenas lojas próprias – hoje, espalhadas na Europa, Ásia, nos Estados Unidos e em Israel. O Brasil terá que esperar cinco anos para ganhar uma filial da grife. Mas algumas das cobiçadas camisas alvas, que conquistaram as atrizes Catherine Deneuve e Halle Berry, podem ser encontradas na multimarca Avec Nuance, no Rio. “Anne foi uma visionária. Camisa branca é um curinga no guarda-roupa de qualquer mulher, da despojada à mais sofisticada”, diz Silvia Chreem, dona da loja, uma de suas clientes dais quais desembolsam a partir de 200 euros por uma de suas camisas.

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